PELE é uma ideia de regresso a um momento inicial, despido de história, em que o reconhecimento do corpo marca o início de um percurso de reconhecimento do mundo, naquilo que neles é contraditório e naquilo em que se encontram. Para isso suspendemos uma mulher em cena, sozinha, que se entrega quase involuntariamente a um processo de interiorização que a leva a um lugar de esquecimento sem espaço, sem tempo e sem vida. Queremos criar tempo para olhar e ouvir esta mulher e para que, pelo despojamento e inocência perante a sua identidade, ela possa a partir daí devolver uma beleza iminentemente humana - a possibilidade de modificar aquilo que vê e ouve pela incompreensão do que vive dentro de si, e modificar o que vive dentro de si quando procura compreender o que vê e o que ouve. Em cada momento ela trava uma luta entre aquilo que já consegue dominar e tudo o resto que lhe chega sem avisos, sem memórias e sem nomes.

“Os meus ouvidos tinham paredes de pedra. E os meus tímpanos não vibravam. Surdos. Lia as palavras escritas a preto nos ossos no branco dos meus tímpanos. Enquanto lia não pensava. Não associava a palavra nenhuma. Não me lembro de nenhuma situação. Não estava no futuro nem no passado. Não foi bonito. Como os ossos. Nunca vi ossos bonitos. Só vi ossos. Ossos. Não vi. Não ouvi. Eram ossos. Não se viam. Não sei. Não me lembro de tudo.” LÍGIA SOARES

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TEXTO|ENCENAÇÃO Lígia Soares MÚSICA João Lucas INTERPRETAÇÃO Ângela Vidal VIDEO Marta Wengorovius e João Vilhena FIGURINO João Paulo Assunção DESENHO DE LUZ Dominique Le Gué LOCUÇÃO Rui Quintas FOTOGRAFIA Andresa Soares PRODUÇÃO|ASSISTÊNCIA DE ENCENAÇÃO Luísa Baeta

Projecto subsidiado pelo Ministério da Cultura - IPAE

APRESENTAÇÕES
1999 - Teatro Curvo Semedo (Montemor-o-Novo)
2000 - Festival Video Lisboa, Fórum Lisboa (Lisboa)
2001 - Instituto Franco-Portugais (Lisboa)
2001 - Festival Mostra-Te, Teatro Taborda (Lisboa)


SKIN (1999)

Pele is an idea of return to an initial moment, without a history, where the recognition of the body sets the beginning of a route of recognition of the world, in what is contradictory in them and where do they find themselves. For what we suspended a woman above the stage, alone, going almost involuntarily through a process of internalization that takes her to a place of oblivion, without space and without life. We created time to look and to listen to this woman and so that she can, through her selflessness and innocence, give back from then on, an eminently human beauty-the possibility to modify what is seen or heard through the misunderstanding of what lives inside her, and change what lives inside her when she tries to understand what she sees and listens. At all times she fights a battle between what she can already master and everything else that appears to her without any warnings or memories or names.

«My ears had stone walls. And my tympanums did not vibrate. Deaf. I read the words written in black on the bones on the blank of my tympanums. While I read I was not thinking. I didn't connect it to any word. I don't remember any situation. I was neither in the future nor in the past. It was not pretty. Like the bones. I have never seen pretty bones. I have just seen bones. Bones. I didn't see. I didn't hear. They were bones. They were notvisible .I don't know.I don't remember everything.» LÍGIA SOARES

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TEXT|DIRECTION Lígia Soares MUSIC João Lucas PERFORMANCE Ângela Vidal VIDEO Marta Wengorovius and João Vilhena COSTUME João Paulo Assunção LIGHTING DESIGN Dominique Le Gué LOCUTION Rui Quintas PHOTO Andresa Soares PRODUCTION|ASSISTANCE Luísa Baeta

Supported by IPAE- Ministry of Culture.

PRESENTATIONS
1999 - Theatre Curvo Semedo (Montemor-o-Novo)
2000 - Video Lisboa Festival in FórumLisboa (Lisbon)
2001 - Institut Franco-Portugais (Lisbon)
2001 – Mostra-te Festival, Theatre Taborda (Lisbon)